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O Congresso Futuro Ibero-americano arranca em Madri com um chamamento à ação

Ciência, política, cultura e inovação centram durante dois dias um debate para visualizar soluções aos problemas globais em chave ibero-americana 

Inauguración Congreso Futuro Iberoamericano

O Congresso Futuro Ibero-americano teve início nesta quinta-feira, na Casa de América de Madri, em uma primeira edição que reúne personalidades da ciência, da política e da cultura ibero-americana para analisar o papel da região em questões como a inteligência artificial, a emergência climática, a crise das democracias e o futuro da educação.

Na sessão inaugural do Congresso, organizado pela Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) e pela Fundação Encontros do Futuro (FEF), o diretor do espaço anfitrião, León de la Torre, deu as boas-vindas a esse “ponto de encontro da comunidade ibero-americana que é a Casa de América”, a um debate que se espera ser rigoroso e plural, “onde se pensa, se reflete e se cria critério para enfrentar desafios como a mudança climática, a fragmentação, as migrações ou a crise das democracias”.

A Secretária de Estado para a Ibero-América, o Caribe e o Espanhol no Mundo, Susana Sumelzo, afirmou que “vivemos em um planeta de desigualdades, no qual a paz, a liberdade e os direitos humanos estão comprometidos, e nós, políticos, temos a responsabilidade de planejar o futuro”, e saudou o Congresso Futuro como um espaço de diálogo que “apela à responsabilidade como proposta coletiva pelo progresso rumo à sustentabilidade, à digitalização, à igualdade e à inclusão”.

Sumelzo citou o poeta uruguaio Mario Benedetti, ao recordar que “o futuro chega devagar, mas vem. Temos ideias, conhecimento, talento, valores, vocação, e com esses ingredientes e a vontade de cooperação da comunidade ibero-americana, um futuro melhor é possível”.

Guido Girardi, criador há 15 anos do Congresso Futuro original do Chile, compartilhou que o espaço nasceu como um lugar de política, ciência e pensamento para metabolizar mudanças que ocorrem em uma velocidade tal que o cérebro humano não é capaz de processar e assimilar. “O futuro está tão colado ao presente que não estamos preparados, como humanidade, para integrá-lo”, acrescentou.

De todas as revoluções tecnológicas, a liderada pela inteligência artificial se apresenta como “um substituto das capacidades humanas, e nesse contexto devemos decidir que humanidade queremos ser”, prosseguiu.

Diante do avanço do pós-humanismo e de um conceito de liberdade em que “não há nada acima da vontade e do desejo individual”, Girardi assinalou que “a sociedade, o coletivo, é visto como uma ameaça; por isso, é essencial recuperar os valores de comunidade”.

Também indicou que a América Latina possui recursos naturais, como o zinco e o cobre, sobre os quais será construído esse futuro, e que China e Estados Unidos necessitam em sua corrida tecnológica. “Devemos agir unidos para aproveitar esse potencial natural”, afirmou, concluindo que o futuro deve “preservar a humanidade, a vida e a democracia”.

O vice-presidente corporativo de Programação Estratégica do CAF, Christian Asinelli, destacou que “temos mais ferramentas para pensar o futuro juntos”, valorizando o papel da “Agenda 2030 como uma visão de futuro, embora apenas 17% das 169 metas propostas tenham sido cumpridas”.

O Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand, encerrou a abertura afirmando que “pensar no futuro é ocupar-se de um presente no qual vivemos o assombro diante de fenômenos que vão externalizar funções intrinsecamente humanas”.

Também chamou à resistência contra a ideia de que os acontecimentos parecem estar fora de controle. “Uma sociedade que assume que não pode influenciar seu futuro é uma sociedade inoperante. O Congresso Futuro aspira a ser uma reflexão construtiva, uma plataforma multidisciplinar para o encontro de todos os perfis que compõem a voz da Ibero-América e para que essa voz seja ouvida no mundo.”

O Congresso Futuro Ibero-americano nasceu no Chile em 2011, como uma iniciativa da Comissão Desafios do Futuro do Senado chileno, e desde então se consolidou como a plataforma mais influente de diálogo entre a ciência e a sociedade na América Latina. Esta primeira edição ibero-americana, impulsionada junto à SEGIB, amplia seu alcance internacional com o objetivo de promover o pensamento crítico, o diálogo interdisciplinar e a cooperação ibero-americana em inovação, sustentabilidade e tecnologia.

Ao longo de dois dias, serão realizados nove painéis temáticos, que abordarão assuntos como a democracia e os meios de comunicação, as cidades inteligentes, a energia do futuro, os neurodireitos, a inteligência artificial na educação e as novas pandemias.

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