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Ibero-América, por um multilateralismo renovado que contemple os riscos digitais e a sobrevivência democrática

O Congresso Futuro Ibero-americano centrou a manhã de sua primeira jornada à reflexão sobre o papel da região na nova ordem global e nos desafios que a democracia e os meios de comunicação enfrentam em uma era digital atravessada pela IA.

Congreso Futuro Iberoamericano - Día 30 Oct

“O mais urgente é recuperar o apreço pela democracia em um debate público que se encontra imerso em uma gritaria que impede a escuta e fomenta o desapego ao sistema”, afirmou Josep Borrell, ex alto representante da União Europeia, em uma conversa sobre o papel da Ibero-América na governança global, na cooperação internacional e na necessidade de um multilateralismo renovado.

Esta primeira sessão da manhã — “Ibero-América e o futuro da ordem mundial” — reuniu referências do multilateralismo e da política internacional, como a diplomata argentina e fundadora da Global Women Leaders Voices, Susana Malcorra, em um diálogo moderado por Javier Moreno, de El País.

Malcorra destacou o valor do multilateralismo e a necessidade de reforçar a governança global, identificando uma Organização das Nações Unidas renovada como o organismo autorizado para isso, com uma Secretária-Geral à frente. “O mundo precisa de uma voz diferente, capaz de compreender a complexidade e liderar a transição com empatia, criatividade e capacidade de diálogo — e na Ibero-América temos talento suficiente para que a responsável por essa ONU 2.0 venha da região.”

O painel também contou com a intervenção em vídeo de duas candidatas a ocupar essa Secretaria-Geral da ONU: a dominicana Rebeca Grynspan, secretária-geral da UNCTAD, que afirmou que “é possível ser soberano e cooperar”, e Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile, que fez um apelo por um “multilateralismo renovado e eficaz, que se apoie em uma dupla transição verde e digital centrada nas pessoas, com uma governança ética que não deixe ninguém para trás.”

Também em uma intervenção em vídeo, a presidenta do Banco Europeu de Investimentos, Nadia Calviño, destacou a próxima realização da IV Cúpula entre a União Europeia e a CELAC, que acontecerá na Colômbia, como uma oportunidade para consolidar uma aliança estratégica essencial no atual contexto geopolítico.

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Segundo painel: A sociedade do futuro

O painel “A sociedade do futuro: democracia, meios de comunicação e tecnologias” começou com uma defesa do ofício do jornalismo por parte de Jan Martínez Ahrens, diretor do El País, em um contexto diante do qual “o silêncio não é uma opção”, seguido de um diálogo entre Daniel Hadad (Infobae), o filósofo e escritor José María Lassalle e Clara Jiménez (Maldita.es), moderado por Sergio Hernández, da EFE Verifica.

O debate destacou a necessidade de fortalecer a confiança dos cidadãos nas instituições e nos meios de comunicação, bem como de proteger a liberdade de informação e o pensamento crítico em um contexto marcado pela inteligência artificial e pela expansão das redes sociais.

Segundo Daniel Hadad, “a democracia tal como a conhecemos está em xeque, em parte devido às novas tecnologias”.

Clara Jiménez expressou sua preocupação com o fato de que “as próprias forças democráticas começam a aceitar que a desinformação é uma ferramenta viável, e retroceder será complicado”, e apontou o “preocupante alinhamento dos oligarcas tecnológicos com uma administração Trump que rompeu todos os pactos e consensos”.

José María Lassalle falou sobre o “capitalismo algorítmico, que consiste em um novo tipo de extrativismo — o dos dados humanos — para antecipar e modelar comportamentos que permitam a competitividade empresarial”, e destacou que “a Ibero-América tem uma capacidade extraordinária de lidar com a complexidade, e isso é um potencial para gerar um modelo próprio de inteligência artificial”.