A sessão da tarde do segundo dia do Congresso Futuro Ibero-Americano reuniu especialistas em saúde pública, líderes sociais, figuras do esporte e referências ambientais para abordar os desafios globais do bem-estar, da liderança e da sustentabilidade a partir de uma perspectiva ibero-americana.
Em quatro blocos temáticos —saúde do futuro, liderança emocional, ativismo juvenil pelo clima e ação ambiental ibero-americana— foram apresentadas visões complementares para pensar soluções compartilhadas em um contexto global desafiador.
No painel “A saúde do futuro e as novas pandemias” foram debatidas a preparação diante de novas crises sanitárias, a prevenção, os determinantes sociais da saúde, a importância de integrar o bem-estar mental na agenda pública e a urgência de enfrentar a crise de obesidade em algumas regiões.
Os especialistas concordaram sobre a necessidade de reforçar os sistemas de saúde, fortalecer a cooperação internacional e aprender com as lições da COVID-19.
O médico especialista em doenças infecciosas e genética clínica da UNIR, Vicente Soriano Vázquez, afirmou que, diante de possíveis novas pandemias, é vital “contar com uma governança global que tome decisões com critérios prévios, incluir a prevenção e considerar muito seriamente que estamos interconectados com outros sistemas vivos: os animais e as plantas”.
“A pandemia de obesidade e de diabetes global tem sua origem no excesso de consumo de alimentos ultraprocessados, que são baratos, convenientes e até mesmo viciantes”, comentou o professor emérito da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Carlos Monteiro.
A psiquiatra Lucía Gallego, por sua vez, destacou, a partir da saúde mental, a importância de “desconectar para estar conectados emocionalmente”.
Futebol, Ecoesperança e Biodiversidade Ibero-americana
Em uma intervenção individual, o ex-jogador de futebol Jorge Valdano compartilhou reflexões sobre a dimensão emocional da liderança, a construção da confiança, a importância do propósito coletivo e as lições que o esporte oferece às sociedades modernas. Também sublinhou o valor da humildade, da escuta e da coesão como motores de transformação. “O futebol oferece uma vantagem ao falar de liderança porque é um território profundamente emocional, um espaço onde as paixões estão sempre presentes e onde, no vestiário, os jogadores representam a humanidade em toda a sua diversidade.”
Francisco Javier Vera, jovem ativista colombiano de 16 anos e criador do movimento Guardiões pela Vida, defendeu a necessidade de uma cidadania comprometida, de uma educação ambiental desde a infância e de políticas que promovam a justiça climática e a participação efetiva da juventude.
“A crise climática é muito mais séria do que pensamos porque também é uma crise do não futuro. A ecoesperança não é uma opção, mas uma necessidade para poder imaginar, para poder cooperar em torno de ideias e realidades coletivas sobre como
construir um planeta mais justo, mais sustentável, mais inclusivo e capaz de estabelecer consensos”, afirmou Vera.
O Brasil sediará, em novembro, a COP30 em Belém, e a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, em uma intervenção online, destacou o papel estratégico da região na defesa da biodiversidade, da economia verde e da governança climática. Sublinhou a cooperação ibero-americana como ferramenta-chave para proteger a Amazônia, impulsionar políticas sustentáveis e promover uma transição justa.
Da mesma forma, destacou a necessidade de aumentar o compromisso com os povos originários por uma questão de ética, reforçar as energias renováveis e fortalecer o multilateralismo climático.
Encerramento
O Presidente da República do Chile, Gabriel Boric, encerrou o primeiro Congresso Futuro Ibero-Americano afirmando que “A ciência é uma linguagem universal, um olhar ativo para o futuro e, acima de tudo, para o presente. Seu impacto transcende fronteiras e fortalece nossas relações internacionais. Neste Congresso reafirmamos três convicções: que a cooperação regional é o caminho mais eficaz para enfrentar desafios complexos e construir um futuro sustentável e inclusivo para todas e todos; que cada país, cada instituição e cada pesquisador e pesquisadora desempenham um papel fundamental na transformação do conhecimento em ação; e que a Ibero-América conta com o talento, a criatividade e a vontade para impulsionar essa agenda compartilhada.”

