O III Diálogo Horizonte Digital, celebrado ontem, deu a largada com a apresentação das experiências da Argentina e de Portugal em matéria de gênero desde a perspectiva de inclusão digital. Cora Santandrea, assessora técnica especializada no Centro de Gênero e Tecnologia da Secretaria de Inovação Pública da Argentina, aprofundou sobre as políticas orientadas a reduzir a brecha de gêneros no setor TIC através da colaboração pública-privada, assim como em visibilizar o papel das mulheres nestes âmbitos. Destacou que o projeto constitui uma grande aliança multisetorial que compromete organismos públicos, empresas TIC e organizações da sociedade civil para combater a brecha digital.
Rosa Monteiro, professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e ex-secretária de Estado de Cidadania e Igualdade da República Portuguesa (2017-2022), se referiu às iniciativas de políticas públicas implementadas por Portugal, como por exemplo, Engenheiras por um dia. Desde sua criação em 2017, o programa chegou a mais de 21.000 jovens de educação primária e secundária para impulsionar a engenharia e a tecnologia entre as meninas e adolescentes desconstruindo a ideia de que se trate de âmbitos exclusivamente masculinos. Segundo dados da Eurostat, ao redor de 8 de cada 10 postos de trabalho no âmbito das TIC está ocupado por homens, o que indica a importância e compromisso dos governos com a inclusão digital efetiva das mulheres. Outros dois exemplos foram os relativos a mentorias executadas por Universidades e iniciativas promovidas com o apoio do setor privado (“Inspira”).
O futuro do trabalho e a plena inclusão das mulheres centrou a apresentação de Paz Arancibia, Especialista Regional em Gênero e Não Discriminação da OIT para a América Latina e o Caribe. No marco dos esforços da OIT para formular propostas em torno ao trabalho em plataformas digitais, destacou a necessidade de atender as brechas de gênero nestes entornos. Afirmou que a segregação na incorporação das mulheres nas plataformas digitais se deve a serem reproduzidos os mesmos padrões do mercado laboral tradicional; as mesmas brechas e os mesmos vieses de gênero.
Por último, o diálogo contou com a participação de María Noel Vaeza, Diretora Regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe, quem focou a sua participação sobre as ameaças que a brecha digital de gênero representa. María Noel Vaeza evidenciou que as mulheres na América Latina e o Caribe experimentam condições mais precárias de acesso à Internet: péssima conexão, falta de acesso regular, ausência de dispositivos apropriados ou dados insuficientes. Isto se traduz em que, 4 de cada 10 mulheres na América Latina e o Caribe, não estão conectadas e/ou não pode custear a conectividade. Ressaltou a preocupação pela baixa participação das mulheres na formação em áreas STEM. Neste sentido, fez um chamamento a fim de gerar as condições para que as mulheres possam aproveitar as vantagens da digitalização e assim se deem condições de igualdade para elas; contem com proteção no mundo digital; e possam desenvolver capacidades em um contexto cambiante.
Convidamos a seguir o diálogo completo sobre inclusão digital neste link.
O Ciclo de Diálogos continuará na próxima terça-feira, 5 de dezembro com o tema “Governo Digital”. O bloco de experiências nacionais estarão a cargo da Argentina e da República Dominicana, enquanto a Secretaria de Estado para a Digitalização e a Inteligência Artificial do Governo da Espanha e a Agência de Governo Eletrônico e Sociedade da Informação e do Conhecimento (AGESIC), Uruguai compartilharão suas experiência e reflexões em torno a esta temática.
A sessão – aberta a todo o público interessado – terá lugar na próxima terça-feira, 5 de dezembro às 17:00h CET através deste link.
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