Trinta anos após a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, a redução da desigualdade digital de gênero continua sendo um desafio na Ibero-América. Para enfrentar essa questão, no contexto da 69ª Sessão da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher (CSW69) realizou-se um evento paralelo para promover um diálogo de alto nível sobre os principais desafios e oportunidades para um acesso equitativo à digitalização.
A discussão, fruto de uma iniciativa conjunta da ONU Mulheres e da SEGIB, contou com a participação de María-Noel Vaeza, Diretora Regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe; Cindy Quesada Hernández, Ministra da Condição da Mulher da Costa Rica; Lorena Larios Rodríguez, Secretária para a Cooperação Ibero-Americana da SEGIB; e Paulina Núñez Urrutia, Senadora chilena. O tema abordado foi a importância de garantir uma inovação tecnológica e uma transição digital que incluam mulheres e meninas, evitando que fiquem para trás no avanço tecnológico global.
Para reduzir a atual desigualdade digital, a Secretária para a Cooperação Ibero-Americana, Lorena Larios, recordou que o trabalho da SEGIB se concentra em duas grandes linhas: o impulso de políticas públicas com perspectiva de gênero e a promoção de direitos digitais e ambientes digitais seguros. “A tecnologia evolui. E, portanto, nossa capacidade de resposta – incluindo a cooperação internacional – deve evoluir e inovar”, afirmou. Por isso, segundo Larios, é necessário eliminar as desigualdades tecnológicas de gênero, de financiamento e de participação das mulheres em todo o ciclo da inovação e do avanço tecnológico e científico. Além disso, destacou a importância de desenvolver uma inteligência artificial com perspectiva de gênero, pois “a inteligência artificial sem a inteligência da igualdade de gênero será uma tecnologia irracional, enviesada e patriarcal”.
As palestrantes destacaram a necessidade de fortalecer políticas públicas que facilitem a inclusão das mulheres nos processos de inovação e desenvolvimento digital.
Também foram apresentados os principais marcos e acordos internacionais que impulsionaram políticas inclusivas em educação digital, financiamento e participação na economia digital. Especialistas como Sara Fratti, Gerente de Alianças Estratégicas da ILDA, destacaram a urgência de adotar estratégias com perspectiva de gênero para garantir uma justiça digital efetiva.
Durante o evento, copatrocinado pelo Governo da Costa Rica e pelo Governo do Chile, foram apresentados os avanços alcançados desde a Declaração de Pequim. Também foram exibidos dados que evidenciam a desigualdade digital no uso e no acesso à tecnologia.
- No setor tecnológico, os homens ocupam o dobro de empregos em relação às mulheres (OIT, 2025).
- Apenas 35% das estudantes em cursos STEM são mulheres (UNESCO, 2019/ONU Mulheres, 2020).
- Em 2021, apenas 22,7% das formadas em TIC eram mulheres (OCDE, 2024).
- Menos de 1,5% das meninas aspiram a se tornar profissionais de TIC aos 15 anos, em comparação com quase 10% dos meninos (OCDE, 2024).
Veja todos os assuntos