O Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand; o Presidente do Centro Universitário de Desenvolvimento (CINDA), Carlos Garatae, e a Secretária-Geral da Crue Universidades Espanholas, Teresa Lozano, apresentaram hoje a quarta edição do “Relatório Ensino Superior na Ibero-América”, um estudo que radiografa o sexênio 2016-2022 das instituições universitárias da Ibero-América. O documento também analisa as tendências de mudança e transformações do setor nos 22 países da região.
Durante o evento, realizado em Madrid, Andrés Allamand destacou a importância para o Espaço Ibero-americano do Conhecimento, promovido pela Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), poder contar com informação sistemática, confiável e de qualidade sobre a evolução dos sistemas educativos ibero-americanos, considerados tanto como um todo quanto individualmente.
“Uma das prioridades do Espaço Ibero-Americano do Conhecimento é a construção de um espaço em comum para o ensino superior, objetivo para o qual é fundamental contar com um panorama regional que não se limite à coleta de dados, mas que também mostre os avanços, as transformações e tendências nos sistemas e instituições universitárias, tanto de forma agregada como detalhada em cada um dos países da região”, destacou Allamand. No que diz respeito aos desafios, o Secretário-Geral Ibero-Americano referiu-se aos desafios “internos” (universalização, qualidade, financiamento, pesquisa e inteligência artificial e digitalização); e externos, fazendo referência à governança democrática, ao crescimento econômico e à coesão e mobilidade social.
Para a Secretária-Geral da Crue Universidades Espanholas, um dos grandes valores deste estudo é a oportunidade de aprender que ele oferece. “Este relatório não nos oferece apenas dados; nos brinda com a oportunidade de refletir coletivamente sobre as nossas estratégias e políticas educativas”, comentou. Por sua vez, Álvaro Rojas, diretor executivo do CINDA, destacou que “estamos diante de um panorama que exige não apenas conhecer os números, mas também compreender as profundas transformações que estes números representam para as nossas sociedades”.
E estas mudanças estão refletidas em dados como os revelados no documento e que falam de um aumento significativo das matrículas nas Instituições de Ensino Superior, que passou de 21,7 milhões para 29,9 milhões de estudantes no período 2013-2014/2020-2021. Da mesma forma, é importante destacar os gastos com o financiamento total da educação na Ibero-América, que se manteve em um valor ligeiramente superior a 4% do PIB. Cinco países (Costa Rica, Chile, Guatemala, Nicarágua e República Dominicana) destinam cerca de 20% ou mais dos gastos do governo para a educação, de acordo com o documento.
O estudo, coordenado por Joaquín Brunner, destaca também a importância da pandemia COVID-19 nas Instituições de Ensino Superior (IES), que tiveram que redefinir a forma e a formato dos seus serviços. Embora já existiam tendências de avanço digital e digitalização de processos nas instituições de ensino superior, a pandemia produziu o que alguns autores definiram como “catálise digital”.
Sete tendências principais
Este quarto relatório sobre o Ensino Superior na Ibero-América destaca sete grandes tendências relativas ao futuro do ensino superior na Ibero-América.
- Acesso Ampliado: O acesso ao ensino universitário cresceu notavelmente, especialmente no Chile, Cuba e Equador, onde mais de 80% dos jovens entre 20 e 24 anos completam o ensino secundário, um pré-requisito fundamental para o acesso ao ensino superior. No total, as matrículas universitárias aumentaram de 21,7 milhões em 2013-2014 para 29,9 milhões em 2020-2021.
- Diversificação institucional: A predominância das universidades privadas sobre as públicas manteve a tendência crescente de uma proporção próxima de dois para um. Os seus programas também são mais curtos e menos dispendiosos, respondendo a uma procura crescente de ensino técnico.
- Melhora na equidade: Embora ainda existam barreiras significativas para os estudantes de baixa renda, a situação melhorou ligeiramente desde 2016, com menos países apresentando taxas de acesso extremamente baixas para o quintil de renda mais baixa.
- Progresso na graduação: A proporção de mulheres licenciadas ultrapassa 50% do total de diplomados em todos os países analisados, com taxas superiores a 60% em países como a Argentina, o Brasil e o Peru, refletindo progressos notáveis rumo à igualdade de gênero no ensino superior.
- Desafios para a profissão docente: A maioria dos professores na América Latina não possui uma carreira acadêmica formalizada e muitos não possuem estudos de pós-graduação, operando sob contratos muitas vezes precários.
- Financiamento estável porém insuficiente: O investimento no ensino superior manteve-se em torno de 4% do PIB, embora existam variações significativas entre países. Cinco países (Costa Rica, Chile, Guatemala, Nicarágua e República Dominicana) investem mais de 20% dos gastos governamentais em educação, destacando um forte compromisso com a educação como uma prioridade nacional.
- Falta de padronização na qualidade: Não existe um padrão uniforme em todo o sistema de ensino superior ibero-americano e os padrões variam consideravelmente de um país para outro. Isso afeta tudo, desde a estrutura das universidades até aos processos de acreditação, especialmente no setor privado.
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