TRIBUNA
Pablo Pascale
Coordenador da iniciativa de Inovação Cidadã da Secretaria-Geral Ibero-Americana
SERIE: caminho ao #LABICCO nº1
Boa parte das instituições que conhecemos hoje, não funcionarão da mesma forma dentro de 20 anos. Na verdade, muitas delas ainda não as conhecemos.
Instituições com processos fechados, concepções descentradas das pessoas e protocolos sem lugar para a experimentação têm os dias contados. E já estão surgindo novas formas institucionais, com modelos mais interativos e inovadores. Os laboratórios de inovação cidadã são possivelmente o melhor expoente destas novas instituições às quais nos dirigimos.
Estes laboratórios são espaços que se diferenciam de outras instituições devido a três características: a colaboração, partilha de conhecimentos, e a experimentação.
Dificilmente encontramos atualmente espaços em que estas três características façam parte do seu ADN. Vejamos: quantas instituições conhecemos que fomentem realmente a colaboração e não a competição (e os seus derivados, como prêmios, etc.), a partilha de conhecimento em vez do seu registro como próprio ou a sua ocultação para mostrar mais aptidão do que a concorrência, ou permitam experimentar novas possibilidades onde o ensaio e o erro façam parte natural e valorizada do trabalho? É certo, são poucas, e menos ainda as que conjugam estes três comportamentos.
E falta-nos uma quarta característica que somada às três anteriores se distancia da realidade institucional do século XX. Os laboratórios cidadãos são espaços necessariamente abertos. Quer dizer, qualquer pessoa, independentemente da sua formação acadêmica, experiência ou procedência, pode participar. São espaços cidadãos.
Assim, são espaços (instituições) onde qualquer cidadão pode participar, para juntamente com outros colaborar, partilhando os seus conhecimentos, ideias e experiências a fim de gerar projetos nos quais seja possível experimentar soluções ou propostas com o objetivo de melhorar situações da mais diversa índole.
O que é interessante nestas instituições é que a cidadania que participa é quem as faz funcionar.
Portanto, temos projetos que trabalham em temas de transparência, participação cidadã, soluções tecnológicas a problemas específicos, melhorias em temas sociais, étnicos ou culturais, urbanismo, ecologia, etc. Quer dizer, em tudo aquilo em que uma sociedade, cidade ou comunidade possa melhorar para os seus habitantes. O que é interessante nestas instituições é que a cidadania que participa é quem as faz funcionar.
Mais, são espaços não só para experimentar projetos, mas também que estão sob experimentação, quer dizer, que devem ter esta aptidão para mudar rapidamente, assimilar erros e ensaiar novas fórmulas no seu modelo, gestão, etc.
Vários destes laboratórios estão em funcionamento desde há vários anos, alguns promovidos por governos, outros por universidades, outros pela sociedade civil. A partir do projeto de Inovação Cidadã da SEGIB acompanhamos a criação destes laboratórios em vários países da região ibero-americana.
E também organizamos um evento anual que são os LABIC (LABoratório de Inovação Cidadã), nos quais durante 15 dias instalamos um laboratório em um dos nossos países e convocamos projetos e cidadãos a trabalhar de forma colaborativa em propostas e soluções para a própria cidadania. Em 2014 estivemos em Veracruz, México, com LABICMX, em 2015 no Rio de Janeiro, Brasil, com LABICBR, e neste ano de 2016 teremos a 3ª edición en Colombia (LABICCO) em Cartagena das Índias com 120 personas de 60 cidades de 16 países trabalhando em 11 projetos sobre inclusão e acessibilidade de populações vulneráveis, com o apoio do Ministerio da Cultura de Colombia, e a colaboração do Medialab-Prado, AECID, Fundação Ford, e Fundación Unidos en Red.
Em Cartagena vamos viver uma mostra disto, espaços centrados nas pessoas, colaborativos, inovadores e abertos que vieram para que repensemos as nossas instituições e aproveitemos o mais importante valor que as nossas sociedades têm: as suas cidadãs e cidadãos.
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