“Los perros”, da chilena Marcela Said, e “La noche de 12 años”, do uruguaio Álvaro Brechner, foram eleitos para o quarteto de aspirantes finalistas ao Prêmio ao melhor Filme Ibero-americano na 33ª edição dos Goya da academia espanhola 2019. Ambas as produções realizadas com os apoios do Programa Ibermedia competirão com Roma, do mexicano Alfonso Quarón, e El ángel, do argentino Luis Ortega, para levar o galardão que no ano passado recaiu em outro filme apoiado pelo Ibermedia: Una mujer fantástica, de Sebastián Lelio, que além do Goya levou também o Óscar ao melhor Filme de Fala Não Inglesa. Justamente, “La noche de 12 años”, de Brechner, foi também a eleita pelo Uruguai para representar o país na corrida pelos Óscar.
Inspirada na história real do ex presidente uruguaio José Pepe Mujica e seus correligionários Mauricio el Ruso Rosencof e Eleuterio el Ñato Fernández Huidobro, “La noche de 12 años” recebeu dois apoios do Ibermedia: ao Desenvolvimento na Convocatória 2014 e à Coprodução na Convocatória 2016.
Baseada no livro Memorias del calabozo, de el Ruso Rosencof e el Ñato Fernández Huidobro (daí que a fita também compita pelo prêmio ao Melhor Roteiro Adaptado), o filme narra a luta existencial de três homens que em seus piores momentos se aferraram a seu espírito coletivo para manter sua humanidade e esperança.
Está protagonizada pelo uruguaio Alfonso Tort (recentemente galardoado com um dos quatro prêmios que o filme levou no Festival de Huelva), o espanhol Antonio de la Torre (que nos Goya compete pelo prêmio ao Melhor Ator de Elenco) e o argentino Chino Darín.
Por sua parte, “Los perros”, da chilena Marcela Said, conta a história de Mariana, uma mulher da classe alta chilena à qual não levam a sério os homens que a rodeiam. Nem seu pai, um dos empresários mais renomados do país, nem seu marido, um argentino exilado no Chile com familiares vítimas da ditadura argentina. Logicamente, muito menos o farão os empregados de seu pai ainda que ela também seja acionista de suas empresas, ou seu vizinho homem da casa campestre na que vive e com quem costuma discutir pelas andanças de seu cão.
Esta exploração do tipo de machismo que se dá na alta burguesia chilena (e latino-americana) descansa sobre outra história política, a dos sequestros e assassinatos da ditadura chilena (e por extensão, latino-americanas), encarnada no terceiro homem importante que rodeia Mariana: Juan, seu professor de equitação, um ex coronel do regime de Pinochet que está sendo julgado por seus crimes contra a humanidade.
Quem são “os cães” do título? Eis aí a pergunta que Marcela Said responde brilhantemente através deste filme que teve sua estreia na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2017 e que desde então ganhou uma dúzia de prêmios internacionais como o Horizontes Latinos em San Sebastián ou o Prêmio do Jurado no Festival de Biarritz.
“Los perros” é uma coprodução do Chile, França, Argentina, Alemanha e Portugal que recebeu o apoio do Ibermedia à Coprodução na Convocatória 2016.
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