A CEAPI e a SEGIB destacam o papel crucial do setor empresarial na reconstrução da Ibero-América após a COVID-19

O relatório conjunto “O papel do setor privado em tempos de pandemia: ideias para o debate” destaca que a saída da crise só será possível com o consenso de todos os atores sociais.

Ed7WrelXgAE1QpZ

A Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB) e o Conselho Empresarial Aliança pela Ibero-América (CEAPI) deram a conhecer o relatório “O papel do setor privado em tempos de Pandemia: Ideias para o debate”, que aspira a se converter em um aporte para a discussão sobre o rol que o setor privado ibero-americano deve cumprir na superação da crise econômica e social que castiga a região por causa do COVID-19 (a Cepal calcula que a pandemia deixará 44 milhões de pobres a mais).

Rebeca Grynspan, secretária-geral da SEGIB, quis pôr em manifesto as “grandes oportunidades de investimento que existem entre a Espanha e a Latino-América, em ambas as direções”, acrescentando que, para ela, “o século XXI está começando agora, entramos em uma nova época, na qual se faz necessária a colaboração público-privada”.

Núria Vilanova, presidenta do CEAPI, afirmou que “desta crise não poderemos sair se não é criado um clima de confiança entre os governos e as empresas. A essência do empresário é crer e criar. Necessitam confiar nas políticas de seus países e seus governos para continuar investindo apesar da pandemia. O acordo para a recuperação para a Europa é uma boa notícia para a Espanha, o maior investidor europeu na América Latina e o segundo mundial, e para a América, já o quarto investidor na Espanha. Mais Europa é também mais Ibero-América”.

A ideia central que sustenta o documento, elaborado por ambas as entidades, é que, dado o forte impacto econômico-social que a pandemia está tendo e vai ter sobre os países da Ibero-América, a futura reconstrução deve se manter na mútua confiança e no consenso entre todos os atores sociais. Tem de se apoiar em um novo pacto social no qual os empresários estão chamados a ter um papel crucial a cumprir, já que “os custos desta crise devem ser compartilhados, e não recair excessivamente em nenhum setor. Deve-se gerar diálogo e confiança para enfrentá-la… As empresas devem apoiar seus trabalhadores nesta conjuntura, posto que o capital humano é um ativo crucial. A educação e a formação para o trabalho são fundamentais para reconverter as pessoas perante a nova realidade tecnológica. A colaboração público-privada é crucial neste aspecto”.

Esta reconstrução pós Covid-19 não significa regressar ao ponto de partida (a 2019) senão conseguir que emerja a Ibero-América do século XXI. Uma Ibero-América melhor: mais inovadora, produtiva e competitiva; mais sustentável social e meio ambientalmente; com instituições mais transparentes, eficazes e eficientes e com o foco posto em melhorar o capital humano (educação) e físico (infraestruturas e logística). Esta aposta estratégica representa um esforço solidário e, coordená-lo entre os empresários e os governos, deixando a um lado estéreis polêmicas sobre se priorizar o público ou o privado. É a hora de impulsionar iniciativas de corte público-privado que incluam o resto da sociedade civil e que contem com o respaldo financeiro da comunidade internacional.

Na atual situação de emergência econômica e social, os empresários ibero-americanos se convertem em parte da solução em curto e imediato prazo e se perfilam como atores chave a médio e longo prazo. Durante a pandemia por “seu apoio ao resto da sociedade civil e aos governos através de suas empresas, doando bens e serviços, e em alguns casos, pondo seus aparatos produtivos à disposição do Estado para produzir materiais e equipamentos sanitários, contribuíram no combate contra a pandemia”. E na pós pandemia mantendo “a solidariedade e impulsionando e liderando a contribuição pública-privada para enfrentar uma conjuntura desfavorável como a atual. A pós pandemia apresentará grandes desafios, e as firmas deverão ser flexíveis e se adaptar a novas realidades em mercados e formas de produção”.

A pandemia acelerou a gravidade dos problemas estruturais preexistentes da região. De fato, uma das lições que a atual crise deixa é que a Ibero-América está obrigada a se reinventar se não deseja ficar isolada e na periferia do desenvolvimento. Nesse processo de se enganchar ao trem da revolução tecnológica, os empresários ibero-americanos estão chamados a cumprir um papel decisivo.

O paper afirma que “nunca foi tão transcendental a contribuição pública-privada para enfrentar uma conjuntura desfavorável como a atual. Isto exigirá repensar um novo contrato social, posto que os níveis de desemprego e pobreza que a COVID-19 deixará serão consideráveis. Serão necessárias fórmulas mais flexíveis para incorporar à economia o enorme coletivo de economia informal, antigo cômodo colchão para lutar contra o desemprego, que hoje demostrou ser um importante lastre, porque é difícil veicular apoios a empregados que não existem e empresas que não existem. Também são tempos de apostar pela inovação, novas tecnologias e formação de trabalhadores para incrementar a produtividade”.

O setor empresarial não pode nem deve ficar à margem da construção dessa nova Ibero-América e desse novo contrato social. Principalmente, porque “a liderança é um dos atributos mais importantes dos empresários, aqueles que estão acostumados a operar seus negócios em entornos complexos e cambiantes, no entanto, esta mesma liderança deve estar à altura de um novo desafio: ser atores fundamentais de uma nova arquitetura social (por esse motivo) o papel do setor privado deve evoluir, e ainda que deva preservar seu rol fundamental de oferecer bens e serviços demandados pela sociedade, criar empregos, e gerar valor para seus acionistas, agora também devem assumir um rol proativo na reconstrução da Ibero-América na pós pandemia, e ser parte de um novo contrato social”.

Os empresários ibero-americanos, otimistas por natureza, aprenderam que juntos podem fazer mais e melhores cosas. Por isso, “esta crise deve se traduzir em alianças e sinergias, para potenciar o espaço que nos une. O setor empresarial mostrou liderança e solidariedade durante a pandemia, adaptando-se rapidamente e apoiando governos e cidadãos através de doações, e em alguns casos, reconvertendo seus aparatos produtivos e serviços para apoiar as medidas a fim de combater a pandemia”.

Na pós pandemia os desafios serão outros. Só desde uma sociedade com seus atores unidos e coordenados poderão ser impulsionadas as mudanças e reformas estruturais. O desafio passa por conquistar o futuro e não ficar à margem das mudanças tecnológicas (a digitalização e a automatização) vinculados à IV Revolução Industrial: “Os empresários estão chamados a trabalhar na construção da confiança e, provavelmente, será diferente em cada país, mas é crucial realizá-lo”.

“O setor privado deve se aproximar ao resto da sociedade civil de uma forma comprometida e, ao mesmo tempo, manter boas relações com os governos. São tempos de se reinventar, o futuro vai ser muito diferente ao que antecipávamos, faz apenas uns meses. A Ibero-América deve buscar seu lugar no cenário mundial posto que, por causa desta pandemia, muitas empresas repensarão suas estratégias, vão se diversificar e pode ser uma grande oportunidade para captar investimento estrangeiro direto (IED). A pandemia acelerou a mudança rumo à digitalização e a utilização de novas tecnologias para ser mais eficientes e produtivos. É tempo de transformação tecnológica para as empresas e isto, evidentemente, afetará a mão-de-obra não qualificada. Deve-se apostar pelo capital humano e esta crise reafirma isso”.

Finalmente, a região deve permanecer unida ao interior, mais integrada com o contexto mundial e apoiada externamente já que “a comunidade internacional deve apoiar a Ibero-América, especialmente os países de ingressos médios da América Latina que não contam com financiamento suficiente para manter à tona as Mip&mes e famílias, cruciais no combate contra a pobreza, e para a recuperação pós pandemia”.

Para a elaboração deste documento foram realizados diferentes encontros e entrevistas nos quais participaram alguns dos empresários da região.

 

Descarregar nota de imprensa

Veja todos os assuntos