Cuenca, Equador. – A Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) apresentou a XV edição do Relatório da Cooperação Sul-Sul e Triangular na Ibero-América no âmbito da XXIX Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo realizada em Cuenca, Equador.
Durante a apresentação, a Chanceler do Equador, Gabriela Sommerfeld, assegurou que a Cooperação Sul-Sul e Triangular representa a ação da região e o forte compromisso de nossos países em superar as lacunas existentes, promovendo a solidariedade e a colaboração em uma perspectiva horizontal. Por essa razão, destacou o lançamento da XV edição do relatório, que se consolida como uma ferramenta útil para a região, fornecendo evidências e orientação sobre a cooperação regional. Na ocasião, foi também ressaltado o “impulso do Equador” à Cooperação Sul-Sul e Triangular, sendo o país um dos 6, entre 22, que mais tem promovido essa cooperação.
Este documento, fundamental para a Comunidade Ibero-Americana, reflete que em 2023, e após cinco anos de quedas, acentuadas pela crise da COVID-19, o total de intercâmbios entre os países ibero-americanos mostra sinais de recuperação próximos de dez pontos percentuais ( 9,72 %).
O Secretário-Geral Ibero-americano, Andrés Allamand, coincidiu em assinalar o relatório como uma referência internacional pela sua qualidade técnica e por oferecer um sistema integrado de estatísticas regionais em matéria de cooperação. “Além de fornecer dados sobre as diversas iniciativas concretas que são promovidas na região, serve para defender o profundo impacto gerado por estas diversas iniciativas de cooperação em que participam os países ibero-americanos”.
Além disso, Allamand ressaltou o papel fundamental da cooperação regional para fortalecer o multilateralismo e a integração na região: “A Ibero-América é uma região de solidária, rica em respostas criativas e experiências que merecem ser conhecidas. Este relatório não registra apenas cifras, ele projeta a essência da nossa Comunidade, uma comunidade que responde aos desafios globais com inovação e compromisso.”
A Cooperação Sul-Sul e Triangular dos países ibero-americanos volta a crescer
A cifra final de 914 intercâmbios em 2023 supera as 833 em 2022, mas ainda é inferior as 1.000 iniciativas anuais, permanecendo abaixo dos níveis pré-crise e longe dos picos alcançados em 2013 e 2014. Este aumento confirma a resiliência e a adaptabilidade dos países ibero-americanos face aos desafios globais, projetando a Ibero-América como um modelo de cooperação inclusiva e solidária.
Em termos gerais, o documento reflete o crescimento de um modelo de cooperação, a incorporação de cada vez mais atores e uma aposta contínua pela inovação.
Marcos de uma cooperação consolidada
- A XV edição do Relatório mostra que a Cooperação Sul-Sul Bilateral continua sendo a mais importante, representando 3/4 de toda a cooperação que se desenvolve na região, enquanto o crescimento da Cooperação Triangular tem sido muito relevante, duplicando o seu peso relativo neste período.
- De 2007 a 2023, mais da metade dos países ibero-americanos ultrapassaram as 1.000 iniciativas, com o México e a Colômbia alcançando 2.000. Estes intercâmbios abrangem vários setores, sendo a Saúde e a Agropecuária os mais destacados, com mais de 1.200 projetos cada um. Contudo, áreas cruciais para o desenvolvimento futuro da região, como a Ciência e a Tecnologia, representam apenas 3% do total e evidenciam um espaço de oportunidade para a cooperação nos próximos anos.
- Depois da queda acentuada registrada pela pandemia global, a Cooperação Triangular da Espanha encadeia aumentos sucessivos que elevam as suas iniciativas para 53 em 2022-2023, posicionando-se como o segundo principal ofertante, seguido pela Alemanha e pela UE.
Mais atores e um Sul Global mais presente
O relatório reflete um modelo de cooperação cada vez mais aberto e diversificado. As 10.432 iniciativas realizadas entre 2007 e 2023 contaram com a participação de 239 países e organizações. Os 22 países ibero-americanos estabeleceram parcerias em diferentes momentos com 135 países de outras regiões do Sul Global, 37 países do Norte e 81 organizações multilaterais.
Desde a aprovação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a participação de diferentes atores aumentou, desacelerada pelo impacto da COVID-19, que reduziu o valor médio, que, no entanto, ronda os 150 por ano.
A Secretária para a Cooperação Ibero-Americana, Lorena Larios, destacou o impacto desta mudança: “A colaboração triangular fortalece a nossa capacidade de ação e nos permite avançar rumo a um desenvolvimento mais equitativo e sustentável. Esta modalidade de cooperação promove o intercâmbio de experiências e conhecimentos em níveis que antes eram difíceis de imaginar.”
Perspectivas e desafios futuros
A cooperação ibero-americana tem sido uma ferramenta fundamental para enfrentar desafios globais como a crise sanitária, a insegurança alimentar e as mudanças climáticas. Nos próximos anos, o foco estratégico da SEGIB será o fortalecimento dos intercâmbios em setores prioritários, como o Meio Ambiente e a Ciência e a Tecnologia, que requerem um maior investimento para enfrentar os desafios globais.
No prólogo do relatório, o Secretário Allamand faz uma referência ao poder da colaboração para impactar as comunidades: “Compartilhar as nossas capacidades e conhecimentos nos torna mais fortes como região. Este relatório é um exemplo claro dos instrumentos que tornam possível esta união, que não só ajuda a construí-la, mas também a torná-la visível.”
O relatório também destaca o caráter inclusivo e colaborativo da cooperação ibero-americana, posicionando a região como uma referência na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“Continuaremos apostando em uma cooperação inovadora e eficiente que permita aos nossos países serem protagonistas no debate global sobre o desenvolvimento”, concluiu Allamand, reafirmando o compromisso da SEGIB com uma Ibero-América mais integrada, equitativa e sustentável.
Inovação na cooperação: a aposta na IA
A SEGIB está avaliando a incorporação de ferramentas de inteligência artificial (IA) para melhorar o processamento e análise de dados, o que permitiria à organização e aos países ibero-americanos um monitoramento mais preciso e eficiente das iniciativas de cooperação. Esta aposta responde à visão da SEGIB de fortalecer a liderança ibero-americana no âmbito da cooperação global.
“Estamos muito atentos ao potencial da inteligência artificial para otimizar o nosso trabalho. Este esforço não só fortalecerá a nossa liderança, mas também abrirá novas oportunidades para inovar na gestão da cooperação”, acrescentou Lorena Larios.
- Acesse o relatório completo
- Acesse aqui as fotos da apresentação do Relatório da Cooperação Sul-Sul
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- Acesse aqui o infográfico dos 15 anos do relatório da Cooperação Sul-Sul e Triangular
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