A I Conferência Ibero-Americana Ministerial Conjunta de Educação Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação foi concluída hoje em Valência com um claro compromisso político de reforçar alianças estratégicas entre os setores da educação superior e da ciência com o objetivo de consolidar a Ibero-América como uma região de conhecimento, inovação e desenvolvimento sustentável.
Com a participação das Ministras, Ministros e Altas Autoridades dos 22 países ibero-americanos, foi adotado um comunicado conjunto que ressalta a importância de articular políticas públicas integradas que conectem a educação, a ciência, a tecnologia e a inovação como eixos centrais para garantir a equidade, a coesão social e a sustentabilidade. A conferência, realizada no âmbito da XXIX Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, se posicionou como um espaço fundamental para promover uma agenda política em comum sobre questões de conhecimento e desenvolvimento.
Os 22 países acordaram avançar em um Programa Ibero-Americano de Cooperação em Formação Doutoral e Pós-Doutoral, cujo objetivo será cobrir as necessidades de formação em áreas prioritárias para o desenvolvimento sustentável. Este programa visa gerar uma maior circulação do talento e promover a mobilidade internacional de pesquisadores, ao mesmo tempo em que se articula com a estratégia de transformação digital da região.
Um dos pontos-chave do acordo é a promoção de alianças público-privadas, fundamentais para aumentar o investimento no conhecimento e traduzi-lo em resultados tangíveis para a sociedade. Em linha com o Compromisso de Andorra sobre Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, foi acordada a realização, em 2025, de um encontro entre os Ministérios da Educação, Ciência e Fazenda para promover uma maior coordenação entre o setor público, o setor privado e as organizações financeiras multilaterais.
Na abertura desta reunião conjunta, que será convocada bianualmente, o Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand, enfatizou a necessidade de consolidar a Ibero-América como uma região líder em conhecimento: “O futuro da nossa região depende da nossa capacidade de gerar conhecimento, promover a sua transferência efetiva e, acima de tudo, garantir que seja acessível para todos os setores das nossas sociedades. Investir em educação superior e em ciência não é apenas uma opção, é um imperativo político para avançarmos rumo à coesão social e à sustentabilidade”, afirmou durante o seu discurso.
Por sua vez, a Ministra da Ciência, Inovação e Universidades da Espanha, Diana Morant, destacou que “a Ibero-América deve enviar uma mensagem muito poderosa ao mundo para dizer que estamos comprometidos com a ciência.” “Temos que democratizar o conhecimento e a inovação e, hoje, estamos construindo pontes entre os países para combater ameaças como as mudanças climáticas, o que requer conhecimento”, afirmou. Da mesma forma, sublinhou que “os 22 países têm de investir como nunca antes em ciência e inovação porque apostar nisso beneficia claramente a produtividade dos nossos países, o seu crescimento e o emprego.”
Da mesma forma, César Augusto Vásquez Moncayo, Secretário de Educação Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação do Equador, afirmou: “devemos somar esforços para alcançar os objetivos regionais e ibero-americanos. Sigamos trabalhando juntos para fortalecer a nossa região e nos complementarmos entre os países com o objetivo de nos tornarmos referências no desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da inovação e dos saberes ancestrais.”
Qualidade e participação das mulheres nas Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática
Adicionalmente, os países ibero-americanos se comprometeram a incentivar o acesso das mulheres às carreiras em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), desde as primeiras etapas educativas, e a eliminar as barreiras que dificultam o seu acesso a cargos de liderança e de tomada de decisões nestes campos. O objetivo é avançar rumo a uma região mais igualitária e equitativa, onde as mulheres desempenhem um papel protagonista no âmbito da pesquisa e da inovação.
A declaração também contempla a elaboração de uma Carta Ibero-Americana do Pessoal Pesquisador, que estabelecerá as bases para uma carreira pesquisadora sólida e estruturada na região, com ênfase na igualdade de gênero e na mobilidade. Este documento permitirá avançar na melhoria das condições laborais e profissionais dos pesquisadores na Ibero-América, elemento chave para fortalecer a competitividade regional.
Além disso, serão promovidas alianças estratégicas entre grupos de pesquisa de universidades e centros científicos ibero-americanos, promovendo a criação de redes de cooperação que permitam o intercâmbio de conhecimentos e o fortalecimento da capacidade de inovação na região. Neste sentido, foi respaldada a criação de uma Aliança pelo Conhecimento, promovida pelo Conselho Universitário Ibero-Americano (CUIB), que incluirá tanto atores públicos como privados.
Os resultados desta I Conferência Ministerial Conjunta serão apresentados na XXIX Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que será realizada em novembro de 2024 em Cuenca, Equador, sob o lema “Inovação, Inclusão e Sustentabilidade”. Os acordos alcançados nesta conferência refletem o compromisso político da Ibero-América com a construção de um Espaço Ibero-Americano do Conhecimento inclusivo, inovador e comprometido com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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